Em agosto, celebramos São José de Calasanz, fundador da Ordem das Escolas Pias e grande inspiração para nossa missão educativa. Neste ano de 2025, comemoramos também um marco muito especial: os 75 anos da chegada dos Escolápios ao Brasil.
Para celebrar essa ocasião histórica, daremos início, em nosso blog, a uma série especial de postagens. Ao longo dos próximos dias, vamos relembrar não apenas a trajetória dos colégios que compõem o Sistema Escolápio de Educação, mas também a história de outras obras conduzidas pelos religiosos escolápios em nosso país.
E começamos pelo princípio: a chegada dos padres escolápios ao Brasil e o surgimento do Colégio São Miguel.
A chegada dos Escolápios ao Brasil e a história do Colégio Escolápio São Miguel
No dia 16 de julho de 1950, o Pe. Francisco Orcoyen, Sch.P., da Província de Vascônia (atualmente parte da Província de Emaús), desembarcava no Rio de Janeiro com a missão de fundar a Presença Escolápia no Brasil. Poucos dias depois, seguiu para Belo Horizonte, onde foi acolhido por religiosas escolápias que já sabiam da chegada dos padres e prestaram apoio essencial à nova fundação.
Impressionado com as possibilidades da missão, Pe. Orcoyen escreveu ao provincial solicitando o envio de mais religiosos. Assim, no dia 10 de novembro de 1950, chegaram ao país os jovens padres Eulálio Lafuente, Pedro Cenoz e Jesus Maria Perea — todos com menos de 25 anos.
Os quatro padres passaram a morar na primeira casa escolápia, que também funcionava como um colégio ainda embrionário. O Pe. Alberto Tellechea, Sch.P. — que futuramente seria vice-provincial, diretor do Colégio São Miguel e pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças — relatou com sensibilidade os primeiros passos da fundação escolápia no Brasil:
“Ajudados pelo Pe. Américo Taitson, pároco da Paróquia de São Sebastião, no Barro Preto, ex-capelão das Escolápias, viveram por algum tempo com ele na casa paroquial, localizada ao lado da igreja, na Av. Augusto de Lima, até se instalarem, pouco tempo depois, na Av. Tocantins (hoje Av. Assis Chateaubriand), nº 499, bairro Floresta, onde funcionava o Teatro Alterosa (hoje, funciona o prédio da Hotmart)”
Em janeiro de 1951, chegou o Irmão Juan Odria. Pe. Francisco percorreu diversos bairros de Belo Horizonte — muitas vezes acompanhado do Arcebispo Dom Antônio dos Santos Cabral — até escolher o bairro Floresta para abrigar a nova comunidade religiosa. A casa, anteriormente ocupada pelas Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, estava desocupada e em boas condições. O nome da nova comunidade foi escolhido em conjunto por Dom Cabral e Pe. Orcoyen: Comunidade São Miguel Arcanjo.
No dia 17 de setembro de 1951, chegaram mais dois padres: Teodoro Araiz e Alberto Tellechea, completando a comunidade com sete membros. Na época, Belo Horizonte contava com cerca de 350 mil habitantes.
O nascimento do Colégio São Miguel
Naquele contexto pré-Concílio Vaticano II, as congregações religiosas costumavam projetar seu carisma sobretudo por meio de suas próprias obras — no caso dos escolápios, os colégios. Ainda assim, os padres também atuavam nas paróquias da cidade, tanto pela grande demanda pastoral provocada pelo rápido crescimento urbano quanto pela necessidade de garantir o sustento da missão.
Foi na própria casa onde moravam que os padres deram início às aulas da antiga “primária” (atual Ensino Fundamental I), cada um assumindo uma turma. Além disso, acompanhavam os alunos pelas ruas até suas casas — gesto que lembrava os tempos de São José de Calasanz e que causava admiração entre os moradores locais.
Assim nasceu o Ginásio São Miguel Arcanjo, posteriormente chamado Colégio São Miguel, profundamente ligado à comunidade religiosa que lhe deu origem.
As aulas começaram oficialmente no dia 1º de março de 1951. A escola contava com turmas de jardim (pré-escola), primário completo e curso de admissão. A estrutura era simples: uma casa com sobrado e um alpendre que dava acesso a uma capela, aberta ao público para as missas. No pátio arborizado com pitangueiras, abacateiros, mangueiras e limoeiros, havia até uma pequena piscina — ideal para refrescar os alunos nos dias quentes de verão.
Consolidação e crescimento
Em julho de 1959, o Colégio São Miguel mudou-se para sua localização atual. Inicialmente, apenas os alunos mais velhos frequentavam o novo espaço. No início do ano seguinte, as turmas menores também foram integradas à nova sede.
Ao longo dos anos, a estrutura do colégio foi sendo ampliada. Em 1963, foi construída a arquibancada da quadra descoberta. Em 1971, foi concluído o prédio da comunidade religiosa — hoje sede da administração provincial, biblioteca e setores administrativos. Nesse mesmo ano, no dia 26 de setembro, foi inaugurado o Espaço Calasanz, com uma celebração da palavra presidida pelo então diácono e ex-aluno William Alves Brini.
Em 1981, o ginásio esportivo ganhou cobertura, ampliando ainda mais as possibilidades para as atividades dos alunos. Outros espaços foram sendo construídos ao longo das décadas, compondo a estrutura que permanece viva até os dias de hoje.
A partir de 1993, os leigos começaram a assumir cargos de direção tanto no Colégio São Miguel quanto no Colégio Ibituruna. No São Miguel, o primeiro diretor pedagógico leigo foi o professor Antônio Carlos Miranda (Tonhão). No Ibituruna, a professora Eunice Vasconcelos (Dona Nina) foi a primeira leiga a assumir a direção pedagógica. Já a direção titular e administrativa seguiu com o Pe. Teodoro Araiz, Sch.P.
O Colégio São Miguel em 2025
Hoje, o Colégio Escolápio São Miguel atende cerca de 800 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio. A direção pedagógica está a cargo do professor Cláudio Alves, e o ecônomo da instituição é o Pe. Maurício Martins, Sch.P. A direção geral do Sistema Escolápio de Educação é exercida por Philipe Alves.
Com uma equipe de aproximadamente 200 colaboradores, o colégio continua fiel à missão de oferecer uma educação de excelência, inspirada nos valores humanos, sociais e cristãos que marcaram a fundação da primeira casa escolápia em solo brasileiro.
Fonte: Livreto Pe. Fernando Aguinaga, Sch.P, 75 anos da Presença Escolápia no Brasil